quinta-feira, 9 de abril de 2009

Tropeço no Estadual


Fabinho, exemplo de raça na fase semifinal do Estadual de 2007

Quando formamos o Avaí-LIC tínhamos o objetivo de conquistar o Campeonato Catarinense de Futsal. Interiormente eu já havia estabelecido ficar entre as oito primeiras equipes do Estado. O alvo, para mim, naquele ano, era a Liga de Florianópolis. Não acredito em trabalhos realizados a curto prazo, mas me surpreendi com o rendimento da equipe durante toda a temporada.
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Vínhamos jogando e vencendo a maioria dos jogos. Quando reparamos, estávamos na fase semifinal do Estadual. Tínhamos pela frente as fortes equipes da Hering, de Blumenau; da AABB, de Joinville e; do Bugre, de São Miguel D’Oeste. A primeira rodada ocorreu em Blumenau. Nossa equipe viajou acompanhada de uma torcida uniformizada e cheia de bandeiras avaianas. Pela primeira e única vez não pude seguir com o grupo, já que tanto eu quanto meu filho tivemos um compromisso de família, os 70 anos do meu sogro, o ex-artilheiro vascaíno, Saulzinho.
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Estava em Bagé-RS, mas acompanhava os resultados através do celular. No primeiro jogo, uma vitória sobre a Hering por 5 a 3 nos permitiu dormir na liderança do grupo. Pela manhã, um tropeço diante do Bugre por 6 a 4 fez a equipe se conscientizar que teria que dar tudo de si no jogo da tarde. E assim foi feito. Vencemos a AABB de Joinville, teoricamente a equipe mais fraca das quatro do grupo, por 6 a 5. Assim, o Avaí-LIC saiu de Blumenau na liderança da chave e a poucos passos da classificação para a tão sonhada final.
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Tivemos diversos problemas para seguir viagem até São Miguel D’Oeste. Preocupado com o nosso caixa, que já estava no fim, tive que economizar. Pela primeira vez cobrei a viagem dos pais ao interior do Estado. Essa é uma prática comum nas demais equipes, mas quando tive que fazer no Avaí-LIC foi uma tremenda choradeira. Lembro-me bem que, quando estava na Elase, mesmo fazendo parte da comissão técnica, tinha que pagar a viagem.
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O dinheiro era escasso e tivemos que viajar de microônibus até São Miguel D’Oeste. Foram mais de 12 horas de viagem embaixo de muita chuva. E eu estava muito temeroso, já que dias antes havia ocorrido um desastre com um ônibus no Oeste catarinense, bem no local onde teríamos que passar. Foi altamente cansativa aquela viagem. Chegando lá, nos surpreendemos com o alojamento. Muitas camas beliche empoeiradas e repletas de teia de aranha, com velhos colchões mofados e mal cheirosos. Pelo menos era no mesmo local do restaurante. Mas esse também era uma porcaria. Para piorar a situação, os garotos, que não conseguiram dormir durante a viagem, passaram o resto do dia jogando truco.
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No fim da tarde entramos em quadra contra a Hering. Simplesmente a equipe não rendeu o esperado e foi derrotada por 6 a 2. E a situação ficou ainda pior, já que o João da Rosa havia tomado o terceiro cartão amarelo, assim como o goleiro reserva, Victor e o pivô Vitor. No caso do João, ocorreu o nosso maior equívoco durante a temporada. No returno da segunda fase forçamos o terceiro cartão amarelo dele, já que a partida seguinte seria contra o Brusque, um time teoricamente mais fácil de ser batido. Daria tudo certo se tanto eu quanto o Alex tivéssemos lido a súmula e observado na hora que o cartão foi lançado para o goleiro-linha, Guilherme, que sequer atuou naquela partida, contra o São João Batista. Não olhamos, mesmo porque eu sempre conferi os cartões no site de Federação Catarinense de Futsal. Ocorre que justamente naquele mês a Federação havia tirado o site do ar para substituir seu provedor. Quando voltou, notei que o João ainda estava com dois cartões e o Guilherme com um. Olhei a súmula e constatei tardiamente o erro da anotadora. Tentei recorrer, mas nenhum dos mesários ou árbitros lembraram-se do fato. Tivemos que engolir.
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No dia seguinte, após a derrota para a Hering, a equipe entrou em quadra consciente do seu prejuízo. Além dos jogadores impossibilitados de jogar, o Fabinho tinha uma fissura no osso do dedão do pé direito. Ficou inchado, mas ele, um grande guerreiro, partiu para o sacrifício. Durante o jogo, tropeçou e teve entorse no punho. Após sairmos vencendo o primeiro tempo por 5 a 2, a classificação parecia estar garantida. Faltavam apenas 15 minutos para estarmos entre os quatro finalistas. Só que o enredo esperado pelo Bugre era outro. Na ida para os vestiários o técnico adversário chegou a fazer a seguinte observação: “Não estão vendo que eles estão mortos em quadra, não estão agüentando mais correr?” No segundo tempo eles partiram para cima do nosso time e, após sucessivos erros da nossa defesa foram diminuindo a diferença. Empataram quando faltavam cinco minutos para o fim da partida e viraram o jogo quando faltavam apenas três minutos. Ainda tentamos reagir e quase conseguimos o empate, que seria salvador, nos deixando no páreo novamente. Quando faltava apenas dois segundos para acabar a partida, fizemos uma jogada de cobrança de lateral que deixou o armador Gabriel livre de marcação na segunda trave, por trás da defesa adversária. A bola foi batida diretamente para ele que cabeceou com o goleiro no lado oposto da trave. A bola simplesmente cruzou todo o gol e bateu na outra trave, indo para a lateral da área enquanto o cronômetro era zerado. Assim que caiu no chão, após dar a cabeçada de “peixinho”, Gabriel desabou a chorar.
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As coisas ficaram muito difíceis. Tínhamos que vencer o próximo jogo e aguardar o resultado da partida entre Hering e Bugre. Para nos classificarmos, teríamos que vencer a AABB de Joinville e contar com um tropeço da Hering diante do Bugre, que jogava em casa. Era possível, mas difícil, especialmente porque os garotos de São Miguel D’Oeste já estavam classificados e jogariam relaxados. A gente sabia disso. Quando tivemos que enfrentar a AABB, simplesmente parecia que não estávamos em quadra. Em um jogo tecnicamente sofrível, fomos derrotados por 2 a 1 e ainda deixamos para eles a sétima colocação geral no campeonato. Estávamos fora. No jogo de fundo, a Hering atropelou o Bugre: 9 a 1.
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Na volta para casa, muito abatimento. Um abatimento que tomaria conta tanto dos jogadores quanto dois pais. Triste, mas interiormente satisfeito por termos chegado até as semifinais em nosso primeiro ano de existência, procurei alternativas para animar o grupo nos dias que se seguiram, afinal, ainda tínhamos pela frente a semifinal da Liga de Florianópolis e essa competição era meu alvo desde o começo do ano.

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