quinta-feira, 9 de abril de 2009

O final da velha Liga e o surgimento da nova


Em entrevista, revelei minha insatisfação com a velha Liga de Futsal

Desde o momento em que ficamos sabendo que o regulamento da Liga de Florianópolis havia sido alterado em 2007, passamos a protestar junto ao presidente Jackson Rocha. Não era segredo para ninguém a nossa amizade, mas naquele caso específico não teve amizade que desse jeito, porque ocorreu um verdadeiro absurdo. O novo regulamento era inadequado ao desporto e possibilitou que ocorressem atitudes anti-desportivas.
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É evidente que todo o desenrolar dos acontecimentos iria precipitar a minha reação de indignação diante de uma série de desmandos ocorridos durante aquela temporada e que nos levaram a perder o campeonato. Mas, independente do resultado final da competição, minha decisão já havia sido tomada no início de dezembro. Era hora de dar um basta na antiga Liga, que estava irregular há mais de três anos sem que os clubes tomassem qualquer providência.
Em entrevista ao Jornal do Futsal, de janeiro de 2008, salientei o meu repúdio em relação a tudo o que vinha ocorrendo:
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VP do Avaí-LIC ataca a Liga
e pede moralização no futsal


Após a temporada 2007, o Vice-Presidente de Futsal do Avaí-LIC, Alexander Fernandes, analisa os resultados obtidos durante o período e projeta o futuro do clube nas próximas competições. Segundo ele, houve um avanço significativo em diversos aspectos, mas alguns resultados foram frustrantes. Para o próximo ano, Fernandes pretende fortalecer ainda mais as suas equipes e prevê várias mudanças no gerenciamento da modalidade dentro do clube.

Qual a sua análise sobre os resultados das equipes do Avaí-LIC em 2007?

Alexander Fernandes
– O Sub-11, uma equipe que recebeu poucos reforços este ano, teve um desempenho que atingiu nossas expectativas. É uma equipe em preparação e que, quando receber reforços, poderá tornar-se uma das melhores de Florianópolis. Já o Sub-13, cumpriu o esperado no Campeonato Catarinense de Futsal, no qual ficou na elite estadual, entre as oito melhores equipes. Na Liga de Florianópolis, no entanto, tenho consciência de que fracassamos em nosso objetivo, que era acabar com a hegemonia dos chamados grandes times. Isso não foi possível, devido a uma Liga confusa, cheia de armadilhas, que acabaram fazendo com que as duas melhores equipes (Avaí-LIC e Fernando Raulino) ficassem fora da final. Foi feita uma manobra, no segundo turno, transferindo a partida entre Colegial e Elase do dia 14 de novembro para o dia 5 de dezembro. No dia 14, o Clube 12 de Agosto ainda estava vivo na competição, impossibilitando que a Elase entregasse o jogo e perdesse sem fazer gols no Colegial. Dessa forma, eles acabaram vencendo o segundo turno e abrindo a competição, obrigando que fossem realizados dois jogos semifinais. Acabamos perdendo e ficando fora. Parabéns aos atletas e ao técnico deles, pois jogaram uma boa partida enquanto nosso time perdeu para si mesmo. Mas isso não tira a responsabilidade do presidente da Liga, que não teve peito para dizer não depois das pressões que sofreu da Elase e Colegial para mudar a data da partida. Primeiro ele me disse que havia pressão e mudou para dar condições de igualdade aos times. Mas que igualdade foi essa? Depois, disse que mudou porque o Colegial pediu para mudar, pois tinha jogo do Campeonato Estadual Sub-11, o que não é verdade, pois o Colegial sequer passou perto de estar entre os finalistas da competição. O que posso dizer é que, para cada ação, há uma reação. Creio que todos sairão perdendo.

Você não acha que algumas pessoas, ao lerem essa resposta, vão dizer que o Avaí-LIC está justificando a derrota jogando toda a responsabilidade na Liga?

Fernandes - Quem achar isso é mal informado e mal intencionado. Mal informado porque não leu o editorial que eu publiquei no dia 6 de dezembro - antes, portanto, de começarem os jogos da fase final da Liga. Além disso, desde que eu soube do regulamento, comecei a questionar o presidente da Liga. Você não pode mudar um regulamento que funciona de uma forma há anos e simplesmente não comunicar aos clubes. Especialmente por ser um regulamento absurdo e injusto. Quanto a ser mal intencionado, digo isso porque poderá se estar tentando criar um tumulto em cima de uma situação real, verdadeira. E quem tem a verdade, tem força suficiente para fazer suas afirmações sem receios. Em relação à derrota em quadra, entramos sem foco, sem vontade e já nos julgando campeões. Pecamos e o resultado foi o que se viu.

Quanto a essa história de acabar com a hegemonia na cidade, dói o fracasso?

Fernandes
– Claro que sim. Se fizermos uma comparação, jogamos quatro vezes com o Clube 12 de Agosto e vencemos as quatro. Jogamos sete vezes com a Elase e vencemos seis. Jogamos quatro vezes contra o Colegial, vencemos duas e, as duas que perdemos, dominamos as partidas – só não tivemos competência para fazer gols. Contra o Fernando Raulino, também uma equipe nova como a gente, jogamos sete vezes e vencemos três – na última partida, entramos em quadra completamente abatidos por não disputarmos o título e fomos presa fácil. Foi um confronto bastante equilibrado. Se avaliarmos os confrontos após nossa equipe estar totalmente formada, foi 3 a 1 para o Avaí-LIC. O que fica como lição é que não se pode confiar em ninguém, não se pode acreditar em ética e não se pode participar de uma competição em que você não assinou as regras. No caso da Liga, sequer nos foi dado conhecimento até o momento em que vencemos o primeiro turno.

O regulamento do campeonato foi bastante criticado por todos os clubes. O que você pensa a respeito?

Fernandes
- Deve ter sido concebido por débeis mentais ou pessoas mal intencionadas. Jamais se viu tamanha ignorância em relação ao mérito desportivo das equipes. Por isso mesmo, os dois times mais fortes acabaram disputando o terceiro lugar na Liga. Essa gente tem que aprender a forma certa de planejar o esporte. Não passam de amadores que ficam correndo com o pires na mão atrás de trocados para as competições. É um cata-níquel que se alonga o máximo possível durante o ano. Achei que o Papai Noel fosse entregar os troféus e medalhas aos vencedores. Teve gente que achou que seria o Rei Momo. É preciso moralizar essa vergonha. Temos que lutar para que se tenha transparência e honestidade. E quando digo transparência, isso significa a prestação de contas do triênio, a publicidade do regulamento aprovado e, também, a obediência à tabela previamente definida.

O processo de criação da nova Liga se iniciou ainda no final de dezembro, quando fui à Federação Catarinense de Futebol de Salão reclamar sobre tudo o que havia ocorrido na Liga de Florianópolis. Junto ao presidente da FCFS, João Carlos de Souza, descobri algumas irregularidades da Liga, mas também a impossibilidade de se fazer alguma coisa, a menos que houvesse um pedido de intervenção por parte dos clubes. E, caso houvesse a intervenção, todo o passivo contábil da antiga Liga – que na época era muito alto, diga-se de passagem -, ficaria por conta do interventor. Assim, decidi fundar a Liga Litorânea de Futsal, reunindo algumas equipes da capital, outras do Sul, outras do Norte. A idéia iria vingar, já que eu havia conseguido, entre outras coisas, alguém com experiência para presidi-la e apoio da iniciativa privada. Seria uma espécie de um mini-campeonato estadual.

Mas não deu em nada porque uma outra idéia viria à tona com muito mais força: a criação da Liga Atlética de Futsal (LAF), apoiada pelos árbitros, todos descontentes com os desmandos e mazelas financeiras do presidente da antiga Liga. Trocando em miúdos, o fim da velha Liga de Futsal estava próximo, já que contra ela havia a Federação, os clubes e os árbitros. Fui o único representante de clube que teve coragem de externar publicamente minha opinião. Mais do que isso, passei a desenvolver ações junto às demais agremiações no sentido de convencer seus dirigentes a apoiar a nova Liga. Trabalhamos na surdina durante todo o mês de janeiro, quando foi elaborado o estatuto e feito o registro da nova entidade. Nossa estratégia foi recrutar os times pequenos, aguardando que os grandes viessem em seguida. Na verdade, tratou-se de uma forma de aniquilar as alternativas de sobrevivência da antiga Liga de Florianópolis. Minha opinião era a de que, com o Avaí-LIC como fundador, mais uma outra equipe grande e as pequenas, as demais agremiações de tradição viriam se incorporar à LAF. E foi o que ocorreu. Em fevereiro a nova Liga estava pronta. Em março, quando reuniu todos os clubes, pôde constatar a sua real dimensão. Em relação à Liga antiga, havia crescido em mais de 100% no número de participantes. Um excelente resultado para quem estava somente começando

Em março de 2008, o Jornal do Futsal oficializa a entrada do Avaí-LIC na Liga Atlética de Futsal:
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Clube deixa a Liga de Florianópolis
e se integra a Liga Atlética de Futsal

Através do ofício 002/2008 VPF, o Avaí-LIC se desligou oficialmente da Liga de Futebol de Salão da Grande Florianópolis. Após reunião da comissão técnica com o Vice-Presidente de Futsal do clube, a decisão foi unânime. A partir de 2008, o Avaí-LIC competirá pela recém criada Liga Atlética de Futsal (LAF), da qual é um dos membros fundadores. As duas decisões foram comunicadas em reunião da diretoria do clube.

“Decidimos em comum acordo, diante de uma série de fatos desgastantes que ocorreram no último ano, em que nosso clube foi claramente prejudicado em benefício de outras agremiações”, torpedeia o Vice-Presidente do clube, Alexander Fernandes, para quem já estava mais do que na hora dos clubes de Florianópolis tomarem uma decisão. Fernandes espera que a nova Liga apresente a transparência necessária à boa prática do desporto. “Creio que será um recomeço para o conturbado futsal da Grande Florianópolis”, acentua. O VP do Avaí-LIC espera que a LAF traga a modernização para o futsal da região, aprimorando o seu sistema de comunicação através de um site próprio e que se aproxime dos meios de comunicação.

“O ideal seria termos as principais partidas da nova Liga televisionadas. Estamos em permanente contato com alguns dos nossos patrocinadores para promovermos a aproximação da LAF com a iniciativa privada. Vamos ver qual será o resultado nos próximos dias”, diz Fernandes. Além da transmissão das partidas, a LAF vai procurar os jornais impressos da Grande Florianópolis para cobrir a temporada.

Nem tudo saiu como o planejado, é verdade, mas a LAF conseguiu satisfazer em grande parte todos os seus participantes. A meu ver, apesar de terem ocorrido alguns erros de trajetória, a nova Liga teve como grande mérito moralizar uma competição que estava por demais desgastada e sem qualquer respaldo dos clubes.

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