quinta-feira, 9 de abril de 2009

Formando a nova equipe


Gabriel, de verde, e Vinícius, reforços para 2007

Problemas são como batatas e o melhor descascador do mundo só descasca uma batata de cada vez. Em outras palavras, fomos enfrentando um a um os problemas que tivemos pela frente para montar a forte equipe de 2007. Uma coisa era manter-nos na situação de ser um dos melhores times de futsal de categoria B de Santa Catarina. Outra coisa era entrar na briga com os verdadeiramente melhores do Estado. Exigiria a formação de um grupo forte, investimentos pesados em infra-estrutura, como reformar nossa quadra e adquirir um placar eletrônico, firmar contratos com maior montante, já que os custos para participar do Campeonato Catarinense de Futsal são significativamente mais altos. Na verdade, é o volume de arrecadação que determina se uma equipe é grande ou pequena. Numa grande equipe, as despesas mais elevadas exigem maior aporte financeiro, ou seja, dinheiro. O restante, como tradição e torcida, em categoria de base não passa de uma grande besteira.

Em setembro de 2006, começou a ser discutida a temporada seguinte no clube. Dois meses mais tarde a diretoria de futsal conseguiria aprovar, com total apoio do vice-presidente de futebol, Culica, e do vice-presidente administrativo, César Augusto Gonçalves, a reforma no ginásio de esportes. Os recursos viriam da Sul Imagem, que mais do que um simples patrocinador, demonstrava ser um parceiro realmente efetivo das categorias de base do LIC. No entanto, o empresário Edison Bianchi, então vice-presidente de outros esportes do clube, condicionou o investimento da sua empresa a uma contrapartida do LIC, que teria que reformar a quadra 2 para atividades poliesportivas.

Mas a aprovação orçamentária não significou necessariamente a execução do projeto e essa briga ainda estaria longe de terminar. No início de janeiro, a necessidade da reforma era urgente, pois o Campeonato Estadual seria iniciado em abril. Após muita discussão em reunião ordinária da diretoria, na qual o diretor financeiro do clube fez questão de salientar sua desaprovação em relação ao investimento, a execução do que estava previsto no orçamento foi liberada. Deve-se ressaltar a atuação do Culica, que bateu forte na mesa, como lhe era peculiar quando o óbvio não parecia ululante aos olhos e ouvidos alheios. Foi sua última grande atuação junto à diretoria, e foi fundamental para o desenvolvimento do futsal no clube.

Logo após a aprovação, Culica, eu e o técnico Alex (seu filho), sentamos à mesa na lanchonete do clube para discutir uma nova parceria. Queríamos o Avaí Futebol Clube como parceiro, já que significava uma marca forte para dar visibilidade maior à equipe nas competições e permitir mais ampla alavancagem de recursos. Avaiano e ex-atleta do Avaí, Culica apreciou a idéia, mas não quis tomar a frente do processo. Indicou o então vice-presidente do LIC, Airton Galdino para tomar a dianteira da negociação. Como estava achando muito lento todo o trâmite do novo negócio, parti eu mesmo atrás do presidente do Avaí, João Nilson Zunino, que, em reunião com seu diretor de marketing Amaro Lúcio, com o então superintendente de futebol, Márcio Meller e comigo, decidimos a pela parceria. No dia 29 de janeiro de 2007, na sala da presidência na Ressacada, foi assinado o contrato.

O esforço para formar uma grande equipe começou, na verdade, em dezembro de 2006, mais precisamente durante a realização dos jogos das seleções catarinenses em Jaraguá do Sul. Tanto o Alex quanto eu tínhamos em mente trazer alguns reforços de peso para compor nosso elenco Sub-13. Lembro-me que alguns meses antes, havia conversado com Miguel Rabeba, técnico da Elase, sobre a intenção de fortalecer minha equipe para a temporada seguinte. Falamos também sobre os obstáculos de ter que conviver com os principais jogadores da cidade presos a outras agremiações. Ele simplesmente me disse o óbvio: “Olhe ao redor, nos municípios, que você vai encontrar muita garoto bom de bola.” E ele estava certo.

Foi o que fizemos.

Em Jaraguá do Sul partiu o convite para o Gabriel “Chuck” (à época jogador da União Josefense), para o Diogo, o Jhonathan e o goleiro Guilherme (todos de Bom Retiro). Junto com o Gabriel vieram de Biguaçu jogadores importantes, como o Pelezinho, Anderson e Jorginho. Da Elase vieram o Yan de Deus e o Gustavo. Um pouco mais tarde – já que atravessava problemas pessoais – veio o Vinícius Manoel, ex-Adesa, de Santo Amaro da Imperatriz. Completaram a lista, no meio do ano, Fabinho, Vitor e Ranier – vindos do Colégio Nossa Senhora de Fátima. Todos esses atletas se juntaram ao grupo que já possuía jogadores de qualidade, como os goleiros Victor e Aquiles, João e Felipe. Havia ainda os irmãos Lucas e Matheus e o Dudu, que completavam o elenco. Um grupo formado por 20 atletas.

Cada um deles teve um tipo de negociação diferenciada. No caso do Gabriel, foi necessário fazer o convite diante do seu treinador, Tsiu, que evidentemente desaconselhou a troca aos pais, alegando que ele já praticava natação e jogava na União Josefense e na equipe da escola. Era verdade, mas por que continuar jogando na União Josefense? Se você quer ter um time grande, tem que ter postura de time grande. Ou seja, colher os valores dos times pequenos e lapidá-los. Chamei a Jane, mãe do Gabriel para uma conversa em separado, nos fundos do restaurante dos atletas da Malwee Futsal. Lá nos acertamos e o Gabriel passou a ser a primeira aquisição do nosso novo elenco. Ele interessava também à Elase e, nessa briga, prevalecemos em função da estrutura que estávamos oferecendo aos atletas, com assistência médica e odontológica, fisioterapia e academia de musculação. Nada disso estava negociado, mas entrei de cabeça no projeto descascando uma a uma cada uma dessas batatas – muitas delas, batatas quentes.

O Diogo foi coisa do Alex, nosso técnico. Ele viu o garoto destruir o favoritismo da nossa equipe nas finais do Circuito Catarinense de Futsal. Viu novamente ele destruir em apenas ¼ de jogo o time de Jaraguá do Sul atuando pela seleção catarinense. Não precisou ver mais. Convidou e recebeu de imediato um sim. Na seqüência, finalizei a negociação, trazendo os outros dois jogadores de Bom Retiro que me interessavam.
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Os dois jogadores da Elase vieram numa onda de insatisfação com o andar das coisas naquele clube. Vieram também pela promessa de uma boa infra-estrutura e pela novidade que o projeto representava. O Vinícius Manoel era o jogador que eu sonhava ver atuando no nosso time. Com um chute violentíssimo, poderia fazer a diferença nas partidas. Em muitas acabou fazendo mesmo. Mas sua vinda foi uma novela. Estava com problemas na escola e seus pais, com toda razão, não liberaram sua participação na nossa equipe. Isso só veio a ocorrer em maio. Fez toda a diferença. Brincalhão e gente boa, Vinícius acabou sendo hostilizado por alguns jogadores do seu ex-time. O próprio treinador não aceitou mais que ele atuasse pela Adesa em torneios e circuitos. Ainda bem, já que ele era oficialmente atleta do Lagoa Iate Clube.
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Fabinho, Vitor e Ranier vieram através de um pacote. E novamente eu tive que entrar em conflito com a Elase. Venci outra vez. Eram jogadores encomendados pelo técnico Alex Silva. Permitiram que tanto o sistema defensivo quanto o ofensivo fossem ajustados. Além disso, encorparam a equipe a partir de uma fase em que a força física passou a ser sinônimo de competitividade. Demorou, mas em seis meses estava pronto o novo time.

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