quinta-feira, 9 de abril de 2009

Avaí-LIC


Zunino, Victor e Galdino no ato de assinatura da parceria Avaí-LIC

A parceria entre o Lagoa Iate Clube e o Avaí Futebol Clube resultou na forte equipe do Avaí-LIC. Sensação na temporada 2007, o time despertou a curiosidade dos adversários. No próprio clube, ninguém sabia dimensionar ao certo o valor da parceria. Jamais iriam imaginar que se estava procurando aliar à marca LIC uma outra bem mais forte, que representasse o principal clube de futebol de massa de Santa Catarina. Com esse peso, sabíamos que haveria maior facilidade de negociação com os patrocinadores, com a mídia e com os próprios atletas. Era o ingrediente que faltava para conferir grandiosidade ao projeto.
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Na reunião que decidiu pela viabilidade da parceria, a qual estavam presentes o presidente do Avaí, João Nilson Zunino, o então superintendente de futebol avaiano, Márcio Meller, o diretor de marketing do clube, Amaro Lúcio, e eu, o projeto foi apresentado e brevemente analisado. Antes de dar seu sim, Zunino só me fez uma pergunta: “Para que time você torce?”. Carioca, tive que confessar que era Fluminense, mas salientei: “Em Santa Catarina eu torço contra o Figueirense. E, como por aqui o Avaí representa o seu grande rival, eu acabo sempre sendo um pouco avaiano.” Era a resposta certa. E era mesmo verdade. Evidentemente, após torcer por dois anos consecutivos para o Avaí, acabei incorporando esse gosto. No meu coração tricolor tem um cantinho reservado para o alvi-anil.
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A cerimônia de assinatura do contrato reuniu o presidente do Avaí, seu vice, Eduardo Gomes, diretores e conselheiros. Pelo LIC compareceram o gerente executivo do clube, Ernani Farani, o vice-presidente Airton Galdino, eu e o meu filho, o goleiro Victor, que representou os atletas da equipe Sub-13. A tevê do Avaí, rádio do Avaí e assessoria de comunicação do Avaí cobriram o evento, fizeram entrevistas e registraram as imagens da assinatura.
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No clube as opiniões se dividiam. Quem torcia pelo Figueirense evidentemente não gostou muito da novidade. Os avaianos aplaudiram. Houve quem questionasse o quanto o Avaí estaria colocando de dinheiro na parceria. Não colocou nada diretamente. Mas nos deixou trabalhar com a sua marca, um forte ativo no fim das contas, já que nos proporcionou fechar importantes contratos. Houve quem não gostasse dos rumos que o futsal no LIC estava tomando. A competitividade assustou a oposição, que estava localizada na categoria Sub-11. Sentiram-se ameaçados e passaram a fazer uma série de exigências e muito beicinho. Quem antes me dava tapinhas nas costas, passou a usar o espaço para cravar-me o punhal da traição. Mas não deu em nada. Após me reunir com o grupo, ouvi as queixas e preocupações, bati o martelo em relação a política que o clube resolvera adotar e encaminhei posteriormente as soluções. Decidi não bater de frente, mas deixei clara a minha posição. O futuro da equipe Sub-11 passava a ser responsabilidade dos próprios pais, insatisfeitos com as mudanças. Liderança é isso, nem sempre dá para impor a nossa vontade. Por outro lado, eles tiveram que conviver com resultados muito aquém da real capacidade do time. Não tinham liderança e a nau vagou desgovernada.
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Para a oposição, não se tratava do time de futsal do Avaí e sim do LIC. Na torcida, gritavam LIC. Jogavam também como o velho LIC e deu no que deu. Em nada, apesar de um elenco bastante razoável. Implicavam com tudo, inclusive em ter que pagar os agasalhos. Uma mãe chegou a me questionar: “Mas por que eu tenho que pagar? Na época do Culica a gente ganhou o agasalho de graça.” Ganharam, sim. Foi uma parceria entre o LIC e a Bunge Alimentos - tudo à base da amizade, já que entre outras capacidades, o Culica tinha no relacionamento uma de suas principais armas. Só que, se ganharam agasalho, não tinham Unimed, não tinham dentista, não tinham musculação, não tinham nutricionista, não tinha bolas novas, não tinham dois jogos de uniforme, não tinham a quadra reformada, não tinham placar eletrônico, não tinham Jornal do Futsal, não tinham site e nem blog, não tinham o prestígio de pertencer a um grande clube de futsal. Não tinham sequer a certeza de que iriam disputar a próxima temporada. Não quiseram enxergar o avanço e só se preocupavam com minúcias, com migalhas, com picuinhas que não levariam ninguém a lugar algum. No fim do ano, foram os que mais usufruíram dos benefícios de saúde oferecidos pela modalidade, mas ainda assim reclamavam. E, na quadra, era o tal negócio: “jogavam como nunca e perdiam como sempre.”
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A torcida do LIC sempre se caracterizou pela sua passividade – totalmente diferente do comportamento das torcidas adversárias, do comportamento do técnico Alex Silva em quadra e principalmente do meu. Após a criação do Avaí-LIC, o Sub-13 passou a vibrar com mais emoção, embora ainda muito aquém dos adversários. Às vezes alguns visitantes avaianos ajudavam a empurrar o time. No entanto, a torcida do Sub-13 de 2007 foi encorpada por novos torcedores em 2008 e, a partir daí, passou a vibrar com muita emoção. Eu mesmo cheguei a puxar o coro de torcedores em alguns jogos. Mas foi somente no Sub-15. Nas demais categorias – inclusive no super time Sub-13 de 2007 -, a passividade se manteve.
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A torcida Sub-15 de 2008 utilizou diversos cantos que habitam até hoje a Ressacada. Empurravam a equipe e demonstravam entusiasmo e amor. Era uma torcida apaixonada pelo seu time, que iria ao inferno para ver o triunfo dos garotos. Mas nem sempre a história é feita de vitórias, embora o sucesso não possa ser dimensionado em função desse tipo de conquistas. Vitória mesmo foi ver aquele grupo unido, pais e atletas, que viajavam pelo Estado, dormiam em alojamentos e estavam sempre presentes, independente dos resultados – que, aliás, foram bons, dadas as circunstâncias de se haver formado uma base de atletas Sub-14 para disputar o Campeonato Catarinense de Futsal Sub-15 – o mais forte do Brasil nessa categoria. Na Liga de Florianópolis, um justo vice-campeonato premiou a atuação da equipe, que perdeu jogadores muito importantes ao longo do ano, mas chegou muito unida e orgulhosa de si mesma no final da temporada.

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