quinta-feira, 9 de abril de 2009

Aprimoramento metodológico

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Em meados de 2006 havia um questionamento entre os membros da comissão técnica do LIC: ser o campeão das competições de nível B ou partir para um desafio maior, ingressando no Campeonato Catarinense de Futsal?

A resposta foi conclusiva: as duas coisas, mas em categorias diferentes.

Conscientes de que diversas medidas deveriam ser adotadas para que isso viesse a ocorrer, decidimos dar o primeiro passo em direção à competitividade, o aprimoramento da nossa metodologia técnica e tática. Assim, tanto o professor Alex Silva quanto eu passamos uma semana nas instalações da Malwee Futsal realizando um estágio coordenado pelo técnico Fernando Ferretti, tendo como professores, além dele, seus auxiliares Marcos Moraes, João Romano, Fred Antunes e Kleber Rangel. Foi uma verdadeira imersão no complexo mundo do futsal.

Estudamos novas metodologias de treinamento, análises táticas, preparação de goleiros, metodologias de supervisão e marketing e outras formas de se lidar com um esporte como o futsal. Mais do que isso, o intercâmbio com treinadores de diversos clubes, inclusive de agremiações internacionais, nos permitiu absorver práticas diversas que poderiam ser utilizadas em nosso dia-a-dia. E foi exatamente isso o que fizemos.
O estágio foi realmente incrível e aconselho a todos que ainda não o fizeram, que um dia se inscrevam nessa empreitada. Poder vivenciar o cotidiano do principal clube de futsal do Brasil, um dos dois melhores do planeta, é algo que deixa sempre uma forte impressão. Conviver com grandes jogadores como Falcão, Leco, Chico, Willian, Valdin, e muitos outros craques foi inesquecível.

Nos bares das redondezas passávamos nossas noites após as aulas. Conversávamos sobre tudo, ríamos das nossas piadas, fazíamos comparações entre jogadores, discutíamos o que tínhamos ouvido dos professores. Relaxados, íamos para os quartos do prédio da Malwee, dormir um pouco, pois a rotina do estágio exigia que chegássemos pela manhã, bem cedo. No caminho para o Parque Malwee, tomava café em um posto de gasolina, lia as manchetes dos jornais e ia direto para a quadra.

Durante o estágio, conversei bastante com o preparador de goleiros, Fred Antunes. Pude observar que em sua metodologia estava aliado aos exercícios de goleiro um programa específico para melhorar a agilidade. Meu conhecimento sobre o assunto até então era limitado a minha experiência como goleiro de futebol de campo na década de 1970 e goleiro de futebol de areia nos três primeiros anos da década seguinte. Quando passei a preparar goleiros de futsal, adquiri livros e DVDs para me atualizar, mas jamais havia visto o método empregado pelo preparador da Malwee Futsal. Mais tarde, pude observar que, mesmo no futebol de campo, os preparadores de goleiro estão empregando sistemas de treino bastante similares. Mas já havia percebido que a grande diferença entre a preparação nas duas modalidades é a quantidade de repetições de cada exercício. O futebol é mais lento, mas exige mais resistência, já que a força é utilizada por períodos de tempo maiores durante as defesas. Há também a questão das dimensões do campo e da baliza. Já o futsal exige alta concentração e velocidade. Muita explosão em curtos espaços de tempo. A exigência, nesse caso, é o aumento da velocidade nas seqüências, porém com limite de três ou quatro repetições. Isso se chama simulação das condições reais de jogo.

Concluído o estágio, voltamos ao LIC repletos de idéias na cabeça. Como estagiamos durante as férias de julho, a volta das equipes prometia muitas novidades. E elas ocorreram. Tanto o Alex quanto eu modificamos nossas metodologias de treinamento, equalizando-as com o que vimos na Malwee Futsal. Alguns dias mais tarde chegaram os novos equipamentos. Cintos de tração, cones e discodonis passaram a fazer parte da nova rotina de treinamentos do clube. Passamos a aprimorar tanto as qualidades físicas quanto as técnicas dos atletas. Procuramos melhorar também os sistemas táticos, mas a resposta a esse último item foi bem mais lenta, uma vez que nem todos os atletas conseguiam acompanhar as novas exigências. A partir desse momento, em nossas cabeças, a peneira para o próximo ano havia começado.

No que se refere aos goleiros, continuei fazendo um acompanhamento através dos testes regulares bimensais (metodologia que eu já havia adotado desde a época da Elase) que mediam vários aspectos, como potência de braços e pernas, resistência, elasticidade, força, velocidade de reação, velocidade de execução, habilidade, coordenação motora e antropometria. Agora, para me auxiliar na preparação dos goleiros, além dos testes regulares passei a utilizar o scaute como ferramenta de trabalho.

Por sua vez, o Alex iniciou uma rotina de atividades meio lúdicas que exigiam destreza e velocidade de raciocínio dos jogadores com a bola nos pés. Essas dinâmicas, se houvessem sido aplicadas anteriormente, poderiam ter resultado em maior aprimoramento das qualidades técnicas e táticas dos atletas do clube. Colocando a metodologia em prática, fomos nos especializando em ministrá-la aos jogadores.

A próxima temporada prometia muito, já que era preponderante a necessidade de se aprimorar o grupo que iria participar do Campeonato Catarinense de Futsal em 2007. A equipe escolhida para essa façanha foi a Sub-13, que possuía a base de jogadores mais forte no clube e que, por isso mesmo, não daria tanto trabalho para tornar-se altamente competitiva a partir do enxerto de talentos vindos de outras agremiações.

Mas...de onde viriam os novos jogadores? Como convencê-los a vir jogar pelo LIC, um clube que não possuía tradição esportiva recente na modalidade? E mais: como viabilizar todo esse projeto a curto prazo? Essas eram as perguntas que nos fazíamos no final de 2006.
As respostas vieram de maneira contundente.

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