quinta-feira, 9 de abril de 2009

À minha esposa Adriane,
meus filhos Igor e Victor,
Culica, Alex, Iuri, Valmício
e a todos aqueles que,
de uma forma ou de outra colaboraram
com essa história de sucesso

As raízes da mudança

"Fazer algo bem feito vale tanto a pena que morrer,
tentando fazer ainda melhor, não pode ser loucura.
A vida é medida por realizações e não por anos.”
Bruce McLaren
1937-1970


Culica, precursor dessa história repleta de vitórias

A poucos dias do Natal de 2004, um encontro marcaria o início de uma mudança radical nas divisões de base de futsal do Lagoa Iate Clube (LIC). Na Praça de Alimentação dos Supermercados Angeloni, o então vice-presidente de Futebol do LIC, Luiz Alves da Silva, carinhosamente conhecido pela alcunha de Culica, e eu nos encontramos e trocamos algumas idéias sobre o futsal de base de Santa Catarina. Em meio às compras no carrinho, sentamos e fizemos um breve lanche. Culica, que meses antes havia me conhecido em um jogo em que discutimos bastante – ele como sempre muito aguerrido -, havia sutilmente me formulado uma proposta para deixar a Elase e partir para um projeto totalmente aberto no LIC.

Naquele momento eu ainda comemorava o tricampeonato estadual da Elase e, naturalmente, estava cheio de planos. No entanto, após 18 títulos ininterruptos, uma centelha foi acessa, quando pela primeira vez o “imbatível” time elaseano foi derrotado dentro de casa pelo Colegial, em uma prorrogação polêmica que culminou com a perda do título da Liga de Florianópolis.

De imediato, recusei a proposta, mas agradeci a lembrança. A Elase estava no meu coração. Vi todos aqueles meninos vibrarem de emoção nos dois anos anteriores em que fui auxiliar técnico e preparador de goleiros, ensinando, além do meu filho, todos os demais arqueiros do clube. Sair da Elase e seguir meu destino no LIC, uma equipe que vinha crescendo, mas que ainda era considerada pequena, era coisa que nunca havia me passado pela cabeça. Na verdade, sequer havia me passado pela cabeça ser preparador de goleiros ou auxiliar técnico. Minha área de trabalho – comunicação e marketing – não tem nada a ver com o esporte. Só que, revivendo antigos ensinamentos dos meus preparadores da minha época de goleiro - posição em que atuei por mais de duas décadas -, pude desenvolver a base técnica de diversos garotos. Como pai, investi no aprimoramento do meu filho.

Essa história começou quando eu apenas assistia aos treinamentos que eram feitos pelo preparador de goleiros da Elase, o Tiago. Ainda jovem, tinha que conviver com meus “palpites” de fora da quadra. Sei que isso o incomodava. Algum tempo depois, ele teve que terminar seu curso de Educação Física em Porto Alegre-RS e eu fui convidado pelo treinador Miguel Rabeba para assumir o seu lugar.

Confesso que sentir novamente toda a adrenalina das competições me despertou grande interesse e não demorou muito para me apaixonar pelo esporte. No passado, eu havia atuado nos campos de grama e de areia. Futsal (futebol de salão, na época) era apenas coisa de escola. Mas, a partir daquele momento, eu estava mais uma vez envolvido com o esporte. Agora, sentado no banco, passando instruções aos goleiros e gritando para auxiliar o sistema defensivo. E vieram os títulos, um atrás do outro. De fato, uma experiência inesquecível.

Minha discussão com o Culica foi durante um jogo que ganhamos por 3 a 0 no primeiro turno da Liga. No início do ano já havíamos derrotado o LIC por 13 a 0 e 8 a 0. Ou seja, o trabalho do técnico Alex Silva, filho do Culica, já demonstrava resultados efetivos. No segundo turno a coisa foi ainda pior: 5 a 4 em um jogo duríssimo. Era o LIC crescendo, deixando de ser um time pequeno para tomar assento nos lugares intermediários da Liga. Era uma espécie de quarta ou quinta força de Florianópolis. No entanto, esse lugar ainda não estava garantido, em função da fragilidade de sua estrutura. E o Culica sabia disso. Quis proporcionar ao filho uma situação mais estável para desenvolver seu trabalho, um suporte com base em uma experiência anterior vencedora e que, por outro lado, o desafogasse dessa árdua incumbência.

O ano de 2005 começou a tentei colocar em andamento um projeto de marketing na Elase que explorasse o fato da equipe ser tricampeã estadual. A aceitação foi apenas razoável, já que o clube estava dividido em diversas células de poder. Não em sua diretoria, mas através dos pais, que formavam grupos de pressão. E não houve como sustentar por muito tempo minhas idéias, que se conflitavam com os anseios desses grupos. Senti-me desrespeitado e sem poder de decisão. Chegara, enfim, a hora de partir.

De pronto o LIC me acolheu.

Não foi uma acolhida fácil, afinal de contas, eu representava já naquela época a mudança, a novidade que muitos pais do clube receavam, por estarem mal acostumados e satisfeitos em ver seus filhos sem talento atuando - mesmo que humilhados pelos adversários. Naquele momento eu fui o pesadelo vivo dos genitores da garotada perna-de-pau, que não admitiam de forma alguma transformações radicais no status quo do clube. Cheguei a ouvir de um pai a seguinte frase: “Não venha com idéias competitivas que isso aqui não é a Elase.

Com o respaldo da diretoria, mas ainda sem um cargo, fui adentrando devagar, observando e analisando a situação. Conversando com o técnico e com a diretoria. A situação que encontrei me remetia ao filósofo italiano, Antonio Gramsci: pessimismo no intelecto e otimismo na vontade. Pessimismo por constatar a ausência de talentos, desestruturação material e falta de objetivos claros. Otimismo por acreditar que todos os vazios poderiam ser preenchidos com criatividade e trabalho, muito trabalho. Tracei meus planos e materializei a política de crescimento do futsal dentro do clube em um documento de 50 páginas chamado “Projeto de Marketing – Categorias de Base de Futsal – LIC 2005”. A base do projeto era a mesma do plano feito anteriormente para a Elase, mas tanto suas características quanto seus objetivos eram completamente diferenciados.

O projeto visava, antes de tudo, nortear todas as ações a se desenvolver dentro da modalidade no clube, determinando objetivos, metas, estratégias, logística e ferramentas de análise e execução. Fora isso, definia uma clara política de aproximação junto aos patrocinadores. Apesar das idéias estarem prontas e assentadas no papel, faltava o mais importante, o poder político para executá-las. Do outro lado, a oposição logo se apressou em contestar as intenções do projeto. O campo de batalha estava armado. Os participantes da contenda claramente definidos. Faltava somente começar a luta.

Status quo e projeto


LIC, do artilheiro João, disputa contra a Adesa, de Vinícius Manoel

O projeto de marketing elaborado para as categorias de base do Lagoa Iate Clube (LIC) partiu da preocupação fundamental de conferir uma característica ao trabalho a ser desenvolvido. Para isso foi necessário que se criasse um posicionamento coerente com os objetivos traçados em paralelo. Assim surgiu o tema “Plantando o Futuro com o Esporte”, núcleo de todas as ações desenvolvidas a partir do documento.

A situação do futsal no clube era bastante precária. Embora houvesse quatro categorias de competição (Sub-9, Sub-11, Sub-13 e Sub-15), nenhuma delas possuía um elenco capaz de alavancar resultados. Havia ainda a escolinha de futsal, com poucos garotos que arriscavam seus primeiros chutes sem uma clara metodologia de desenvolvimento técnico e motor na atividade.

A quadra tinha sido melhorada nos últimos anos, mas ainda assim a sua condição era péssima, com madeiras velhas e quebradas, falta de calafetação e suas próprias dimensões eram diminutas, não ultrapassando 28.00 x 15.60. Não havia qualquer equipamento para trabalho físico ou técnico além de surradas bolas de futsal. Cada equipe de competição possuía apenas um jogo de uniforme, convenientemente confeccionado na cor cinza para não confundir com as cores dos demais adversários, fulminando, dessa forma, a necessidade de um jogo reserva de uniformes.

Não havia qualquer indicativo dos resultados anteriores das equipes, nem estatísticas. No entanto, o LIC havia ganhado no ano anterior o Circuito Catarinense de Futsal (que não contou com as principais equipes do Estado) e o Circuito Metropolitano de Futsal (que não contou com as principais equipes de Florianópolis). Era uma espécie de campeão da segunda divisão.

Mesmo com toda a precariedade, o professor Alex Silva obtinha resultados satisfatórios para os pais, que não almejavam nada mais do que ver seus petizes competindo, mesmo que em uma escala de valores consideravelmente inferior. Exatamente por isso, não ficaram indiferentes à minha presença. Pelo contrário, iniciaram uma oposição que perdurou por anos e, mesmo enfraquecida no final, ainda se insurgiu nos momentos derradeiros da minha gestão no clube.

A princípio desacreditavam no projeto de marketing. Depois, quando as ações passaram a ser desenvolvidas com sucesso, questionavam minhas reais intenções. Faziam observações sobre a qualidade do crescimento vivenciado pela modalidade dentro do clube, alegando que excluía os associados. Na verdade, não excluía ninguém, apenas premiava quem possuísse méritos para tanto. Imperou a época da meritocracia no futsal. Foi algo muito salutar e que trouxe um engrandecimento para o clube jamais vivenciado até então – e acredito que isso envolva as demais modalidades.

Se por um lado o projeto de marketing feria frontalmente o status quo do futsal do LIC, por outro permitia que os filhos de associados se beneficiassem, em um primeiro momento, do processo de mudanças. Apesar disso, alguns deles decidiram deixar a modalidade. Costumávamos dizer que, “se um garoto não tem talento para jogar futsal em alto nível, acaba procurando o tênis”, que é um esporte em que se pode evoluir a partir do treinamento constante. No futsal não é assim. Ou você joga bola ou não joga. E ponto final.

Diante dessa observação, é certo concluir que a escolinha de futsal do LIC passou a ser vista com o objetivo de revelar novos talentos, aprimorando as qualidades técnicas já existentes na garotada. É claro, havia lugar para todos, mas somente alguns seriam efetivamente aproveitados nas equipes de competição. Na verdade, poucos, muito poucos.

Penso que quem pretende ser competitivo, independente da área de atuação, precisa definir claramente as suas prioridades, E isso envolve tomadas de decisão que nem sempre são agradáveis a todos os envolvidos no processo. Por exemplo, minha primeira medida para a transformação do futsal do LIC foi a isenção da mensalidade aos sócio-atletas. Na época pagavam R$ 25,00 para participar das equipes. A meu ver, já estavam colaborando com o clube dando o suor de sua participação em quadra para honrar as suas cores e a sua tradição.

O assunto foi levado à diretoria do LIC, mas não houve consenso na hora de decidir. Não me dei por vencido. Em uma reunião relâmpago entre eu, já nomeado diretor de futsal, o ex-vice-presidente de futebol do clube, Luiz Alves da Silva, e o ex-presidente do LIC, Mauro Candemil, decidimos pela isenção da mensalidade como melhor forma de atrair novos atletas que compusessem as equipes do clube com mais dignidade.

Candemil, um entusiasta pelo futsal e que na década de 1990 montou uma das melhores equipes da modalidade em Florianópolis, logo compreendeu a extensão dos meus propósitos e vislumbrou onde o clube poderia chegar.

A isenção da taxa foi a minha primeira vitória dentro do LIC. Foi emblemática e sinalizou a todos que muita coisa ainda estaria por vir. Sentia-me metendo o dedo na sobremesa de muita gente, mas na verdade, procurava apenas ser coerente com meu propósito de impulsionar a modalidade dentro do clube.

A diretoria de futsal


O presidente Mauro Candemil e eu discutindo as inovações no futsal

Em julho de 2005, o Lagoa Iate Clube (LIC) criou sua diretoria de futsal, cargo diretamente ligado à vice-presidência de futebol. Em outras palavras, eu e a modalidade inteira estávamos sob o confortável guarda-chuva do Culica, que capitaneava as ações por mim definidas logo de início. Eram as famosas “costas quentes” que eu tanto necessitava para levar adiante minhas intenções.

Como membro da diretoria, não fui dos mais assíduos às reuniões, por considerá-las chatas, desorganizadas e não profícuas. Meu negócio, desde o início, foi ação, tanto dentro quanto fora da quadra. Eu tinha certeza que teria que fazer muito para dar uma guinada nas condições da modalidade já naquele ano. Sempre fiz questão de frisar que o planejamento, aquilo que se coloca no papel, é muito importante, mas o “fazejamento” é fundamental. Penso que qualquer um tem a capacidade de pensar e escrever, bem ou mal, seus projetos. Mas colocá-los em prática é outra coisa. Exige empenho, responsabilidade e certamente jogo de cintura.

Enquanto os demais diretores e vice-presidentes discutiam assuntos diversos nas reuniões, eu tomava decisões na quadra e iniciava um projeto que teve como ponto de partida a aproximação junto aos patrocinadores. Desde cedo sabia que tínhamos toda a responsabilidade pelo nosso orçamento para cada temporada. Assim, logo iniciamos os contatos para buscar patrocinadores. Jamais admiti a idéia do “pires na mão”. Não ia aos empresários fazer pedidos de auxílio à modalidade, mas apresentava um plano com objetivos claramente definidos e ferramentas de exposição de suas marcas. Coloquei os meus conhecimentos de marketing à disposição do futsal.

E isso agradou.

Mesmo planejando com uma temporada de antecedência, tive que partir para uma ação efetiva de imediato – era preciso mostrar serviço. Ainda em 2005 o futsal do LIC deu um grande passo em direção ao futuro que lhe aguardava. Através de contato com a Semil Eventos, empresa promotora do Circuito Catarinense de Futsal, que naquele ano se teve o patrocínio das Malhas Malwee, conseguimos promover no clube as finais da I Copa Malwee de Futsal, nas categorias Sub-9 e Sub-11, que contou com 32 equipes de todas as regiões catarinenses. E os resultados foram excelentes: 3º lugar na categoria Sub-9 e vice-campeão na categoria Sub-11. Mais do que isso, o evento contou com mais de 800 pessoas/dia durante o fim de semana de sua realização. Os cofres da lanchonete e restaurante do clube agradeceram.

Outro resultado importante da iniciativa foi a exposição que o LIC passou a ganhar na imprensa (três páginas no Diário Catarinense), iniciando a consagração de sua imagem como um grande centro de realização de eventos de futsal de base em Florianópolis.

Após o evento, a diretoria do clube passou a enxergar o potencial da modalidade com outros olhos, conferindo maior apoio às minhas iniciativas. Eu continuava a evitar as reuniões de diretoria – a não ser quando houvesse algum assunto realmente importante para o futsal. Mas minha presença em quadra já se tornara marcante. As equipes começaram a modificar o seu perfil, tanto em relação aos jogadores quanto ao próprio padrão de jogo, já que acrescentei minha visão de jogo mais defensiva ao padrão estipulado pelo técnico Alex Silva.

Naquele ano, quem enfrentava o LIC, independente da categoria, sabia que teria que suar muito para obter uma vitória, pois o sistema defensivo era bastante agressivo. E não poderia ser diferente, já que faltava aos nossos elencos maior qualidade técnica. E esse foi um problema que não se resolveu nem a curto nem a médio prazos. Na verdade, ninguém queria jogar no LIC, clube que lutava com unhas e dentes para firmar-se como a quarta força em Florianópolis. A imagem de time fraco das temporadas anteriores ainda se fazia presente no meio salonístico. E, para revertê-la, seria preciso muito mais do que um simples aporte de recursos financeiros. Eu sabia disso e decidi programar, em 2006, as bases para uma mudança real, concreta, em 2007.

Obviamente a diretoria me apoiou em todas as empreitadas e 2005 terminou como um ano positivo. Pela primeira vez em sua história o futsal do LIC tinha um alinhamento de ações e claras perspectivas de crescimento para a temporada seguinte. Como não havia interferido ainda nos elencos das equipes, pelo menos não de forma muito incisiva, a oposição inicial parece ter se acalmado.

Só que a diretoria do clube e o próprio vice-presidente de futebol passaram a sonhar com títulos e isso exige equipes competitivas. Ainda assim, em 2005, o LIC conquistou oito troféus (quatro de campeão e quatro de vice-campeão) em competições de segunda categoria. Era preciso investir muito para disputar com competitividade os principais campeonatos de Santa Catarina.

No período de férias, enquanto todos descansavam, fui a campo para materializar o projeto de marketing do futsal. Em contato com os empresários, expus minhas idéias e objetivos e obtive apoios muito importantes, como o do Colégio Tendência, Brasil Telecom, Pieri Sport. A esses se somavam os antigos patrocinadores da modalidade no clube: Sul Imagem e JAN Bebidas. O processo de negociação foi longo, mas bastante proveitoso, já que garantiu o orçamento para a temporada seguinte.

I Copa Malwee


Copa Malwee, um evento bastante concorrido e muito disputado

As finais das categorias Sub-9 e Sub-11 da I Copa Malwee de Futsal foram realizadas no ginásio do Lagoa Iate Clube, em outubro de 2005. Havia um custo a ser pago para a captação do evento: R$ 3.500,00. Felizmente, o vice-presidente de futebol do clube, Culica, tinha esse dinheiro em caixa. Era a “rapa do tacho” do orçamento de 2005. Ainda assim, o LIC resolveu apostar na força da competição, que carregava consigo um bom projeto de mídia.

Foram três páginas de divulgação no Diário Catarinense. A primeira, uma semana antes do evento, mostrando a estrutura oferecida pelo clube. De acordo com o coordenador da Copa, Milton Rodrigues, da Semil Eventos, a matéria publicada despertou o interesse de diversos clubes, que procuraram conciliar a disputa a um bom programa de lazer na Lagoa da Conceição. A segunda página trabalhou os aspectos competitivos do evento, dando espaço para o técnico Alex Silva divulgar o seu trabalho, já que no ano anterior ele havia conquistado o título de campeão Sub-11. A terceira e última página mostrou os resultados e as fotos das equipes vencedoras. A marca LIC começava a ser associada ao futsal de base.

Para fortalecer ainda mais a divulgação da Copa Malwee, Culica conseguiu uma entrevista na rádio CBN e TVCom, com o jornalista Luiz Carlos Prates. Durante uns 10 minutos fui entrevistado sobre a competição, as repercussões para o clube, o futsal de base e o trabalho que estávamos desenvolvendo no LIC. Falei também da estrutura que oferecíamos aos clubes visitantes e do esforço da diretoria para que a realização das finais da I Copa Malwee fosse perfeita na organização e inesquecível para todos os participantes.

Foi decido que a competição seria disputada nas duas quadras do ginásio de esportes do LIC. Na quadra 1, a categoria Sub-11; na quadra 2, a categoria Sub-9. Sem apresentar uma divisão estrutural entre as duas quadras, que até hoje são separadas por uma rede, a alternativa foi utilizar dois tipos de apito diferentes para não confundir os jogadores. Na prática essa medida acabou funcionando, apesar de algumas pessoas terem reclamado – os chatos de plantão.

Os jogos foram sendo realizados e tanto a equipe Sub-9 quanto a Sub-11 chegaram às semifinais. O Sub-9 acabaria tropeçando nessa fase, e tendo que se contentar com o terceiro lugar. Já o Sub-11, principal equipe do clube naquele ano, passou facilmente pelo seu adversário e chegava a final acreditando no bicampeonato. A caminhada rumo à final não foi nada fácil. No primeiro jogo, uma vitória por 6 a 2 sobre o Viva Futsal, de Itapiranga abria o caminho para a equipe na fase de grupos. Em seguida, um confronto dificílimo: 5 x 4 contra a equipe do Papanduva. Já no mata-mata, o LIC teve que enfrentar novamente o Papanduva e dessa vez ocorreu um empate em 2 a 2. A decisão foi para os pênaltis e o time da Lagoa da Conceição acabou vencendo por 3 a 2. Passado o susto, nas quartas-de-final, um adversário teoricamente muito forte, o Palhoça, que veio reforçado pelos jogadores do Clube Doze de Agosto, um dos melhores do Estado naquele ano. Mais uma vez o LIC venceu, agora por 5 a 2 com sobras. Na semifinal, um encontro inusitado, contra o CME Laurentino, de Rio do Sul, equipe que trazia uma garota em seu elenco. Apesar disso, não foi páreo para o LIC, e sofreu uma acachapante derrota por 7 a 1.

Na final, dessa vez, teríamos que enfrentar uma equipe de primeira linha para tornar possível o sonho do bicampeonato. Do outro lado da quadra estava a Elase, que vinha mordida por ter perdido meses antes para o LIC pela primeira vez em sua história. O jogo foi tenso e equilibrado, com os goleiros se destacando dos dois lados. Apesar da nítida diferença qualitativa entre os elencos, o LIC demonstrou ter um espírito aguerrido e nivelou as forças dentro do campo de batalha. Mas não deu. No fim prevaleceu a melhor qualidade técnica do adversário que, em um gol de contra-ataque no final do jogo, deu números finais a partida: 4 a 3 para a Elase.

Derrotados, mas não abalados, por reconhecer a qualidade superior do adversário (a quem haviamos derrotado por 3 a 2 na Liga de Florianópolis e empatado em 1 a 1 na etapa regional da I Copa Malwee ), os jogadores do LIC ergueram o troféu diante do pais e receberam muitos aplausos, inclusive dos adversários.

No pódio dos melhores atletas, o clube colocou o goleiro Victor, o menos vazado da competição, e o artilheiro João da Rosa. Ficou o gosto amargo da derrota misturado em minha boca com o adocicado prazer de ver meu filho Victor no pódio, em destaque, como o melhor da competição pela segunda vez em sua vida.

Essa derrota entrou para a história do clube como o marco inicial da grande rivalidade entre Elase e LIC nas quadras. Claro, para a Elase, essa rivalidade começou no primeiro jogo, quando foram derrotados por nós, se acirrou com o empate no segundo jogo e se estabeleceu definitivamente quando eles conquistaram o título da I Copa Malwee em pleno LIC.
.
Naquele momento, era levantar a cabeça e seguir disputando as competições de 2005.

Os resultados em 2005


LIC coloca quatro jogadores e o técnico na seleção de Florianópolis

As equipes do Lagoa Iate Clube (LIC) obtiveram bons resultados nas competições regionais e estaduais. No Circuito Catarinense de Futsal conquistaram dois terceiros lugares na fase final (categorias Sub-9 e Sub-15) e um vice-campeonato (categoria Sub-11). A categoria Sub-13 conseguiu uma sexta colocação que, em função da qualidade técnica da equipe, pode ser considerado um excelente resultado.

Foram conquistados quatro títulos na temporada, nas etapas regionais do Circuito Catarinense de Futsal. Na Liga de Florianópolis, a melhor colocação foi a do Sub-15, que ficou em terceiro lugar. Embora no ano anterior o clube tenha conquistado dois títulos mais expressivos (o título do Circuito Catarinense de Futsal Sub-11 e o título do Campeonato Metropolitano (ACR), também na categoria Sub-11), os resultados de 2005 saltaram à vista, já que as conquistas ocorreram nas quatro categorias, e não somente em uma.

Além disso, é preciso ressaltar que em 2004, a Elase, campeã do Circuito Catarinense de Futsal 2005 e do Campeonato Metropolitano (ACR) 2005, não havia participado desses eventos, facilitando a vida do LIC. Em 2004, por uma coincidência de datas, a Elase – campeã regional de Florianópolis do Circuito naquele ano – não pode participar da final da competição, que ocorreu no mesmo dia da etapa decisiva do Campeonato Catarinense de Futsal, cujo título conquistou.

Indiferente aos motivos do clube co-irmão, o LIC conseguiu duas conquistas históricas em 2004, ano em que passou a lutar para firmar-se como força intermediária no futsal de base de Florianópolis – o que somente viria a ocorrer um ano mais tarde. Como prova da sua evolução, em 2005, no final da Liga de Florianópolis, a equipe Sub-11 do LIC cedeu à seleção local quatro atletas (Victor, Aquiles, Rodrigo e João) e o técnico Alex Silva,

Abaixo, os resultados das equipes em 2005:

Categoria Sub-9 (Fraldinha)

· Campeão da etapa regional de Santo Amaro da Imperatriz do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· Vice-campeão da etapa regional de Florianópolis do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· 3º lugar na final estadual do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· 3º lugar no Campeonato Metropolitano (ACR)
· 5º lugar na Liga da Grande Florianópolis


Categoria Sub-11 (Pré-mirim)

· Campeão da etapa regional de Santo Amaro da Imperatriz do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· Campeão da etapa regional de São José do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· Vice-campeão da final estadual do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· 3º lugar no Campeonato Metropolitano (ACR)
· 4º lugar na Liga da Grande Florianópolis
· Troféu Fair Play na Liga da Grande Florianópolis

Categoria Sub-13 (Mirim)

· Vice-campeão da etapa regional de São José do Circuito Catarinense de Futsal
· 6º lugar na final estadual do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)


Categoria Sub-15 (Infantil)

· Campeão da etapa regional de Palhoça do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· Vice-campeão da etapa regional de São José do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· 3º lugar da final estadual do Circuito Catarinense de Futsal (I Copa Malwee)
· 3º lugar no Campeonato Metropolitano (ACR)
· 3º lugar na Liga da Grande Florianópolis

Colocando o projeto em ação


O projeto de marketing trouxe para a modalidade vários patrocinadores

O ano de 2005 ainda não havia chegado ao fim, mas a necessidade de colocar em prática todas as ações definidas no “Projeto de Marketing – Categorias de Base de Futsal – LIC 2006” me impulsionaram a ir a campo. O primeiro passo era correr atrás de patrocínios. Tracei a estratégia de conseguir um patrocinador âncora para as equipes e patrocinadores e secundários, assim como empresas de apoio. Essas definições simplesmente se materializariam nos uniformes das equipes. Ou seja, o patrocinador principal teria sua marca estampada frontalmente nas camisas.

Se o problema fosse somente esse estaria tudo tranqüilo. Mas, na verdade, a questão dos uniformes foi apenas secundária. De qualquer forma, fui à Pieri Sport, que vinha fornecendo os equipamentos ao clube e propus uniformes diferenciados para todas as categorias. Preocupamos-nos em escolher sempre os melhores designs e as melhores malhas e, assim, em 2006 as equipes se apresentaram condignamente trajadas em todas as competições.

Ainda em dezembro de 2005, procurei inicialmente a Brasil Telecom para ancorar o projeto. O documento foi encaminhado à diretoria de marketing da empresa, em Brasília, mas, devido às drásticas mudanças em sua direção, essa operadora de telefonia cortou substancialmente seus investimentos em marketing esportivo. E veio cortando gradualmente até ter sido comprada pela concorrente Oi. Mas o projeto havia impressionado a direção regional da empresa, que propôs investir uma quantia menor (a proposta original foi de R$ 30 mil anuais). No fim, houve um repasse de R$ 4.500, a título de participação no projeto “Plantando o Futuro com o Esporte”, que naquele ano daria seus passos iniciais no Lagoa Iate Clube. Como contrapartida, além de ter sua logomarca estampada no lado direito frontal da camisa, o clube promoveu a I Copa 14 de Futsal, uma espécie de torneio de pré-temporada, com equipes regionais. O LIC venceu nas duas categorias, Sub-9 e Sub-11.

Diante da posição da Brasil Telecom quanto ao projeto, ainda havia a necessidade de se buscar um patrocinador âncora. O Colégio Tendência poderia ser uma solução, mesmo porque, vinha colaborando regularmente há dois anos com uma pequena quantia mensal para as nossas categorias de base de futsal. Levei a eles o plano de marketing e, mais uma vez, foi demonstrado o interesse. Após um longo mês de negociações, o professor e diretor da escola, Jairo Palma, decide ancorar o projeto, mas investindo apenas 1/3 do valor proposto. Não foi o ideal, mas o possível.

Já tínhamos uma empresa âncora e um patrocinador secundário. Mas a fria realidade dos números nos levava à necessidade de conseguir outro patrocinador secundário. E ele já existia, na verdade. Tratava-se da Sul Imagem, empresa que vinha ajudando há alguns anos o LIC a sustentar suas equipes de base de futsal – entre outras ações. Na verdade, não houve um grande trabalho de captação e sequer de ampliação dos valores mensais do investimento. Não foi feito também um contrato formal, já que os recursos eram repassados diretamente ao vice-presidente de futebol do clube, o Culica, que, por sua vez, repassava à diretoria de futsal para os gastos ordinários. Um relacionamento amador e feito à base da amizade.

Dessa maneira, tínhamos um orçamento superior a R$ 20 mil anuais em dinheiro, mais R$ 4 mil em uniformes. Outros valores não foram contabilizados dentro do orçamento, como a água mineral fornecida pela JAN Bebidas a cada rodada, ou as bolas que nos eram cedidas pela Pieri Sport através de um antigo acerto entre o Culica e a direção dessa empresa de material esportivo. Com a finalidade de valorizar a parceria, criamos um evento no final do ano, a Copa Pieri de Futsal, com participação das equipes Sub-13 e Sub-15 – que não haviam disputado a Copa 14 de Futsal. A Copa Pieri de Futsal teve a função de oferecer uma alternativa de competição em Florianópolis. Por ser gratuita, tornou-se bastante atrativa e, nela, o LIC obteve dois vice-campeonatos.

Mais dois passos adiante deveriam ser dados. O primeiro, iniciar a reformulação e fortalecimentos dos elencos das quatro categorias. Em 2006, especialmente a categoria Sub-11 se ressentia de uma equipe mais competitiva. Era justamente o time do meu filho. Como os principais atletas das equipes adversárias não tinham a menor intenção de apostar no novo projeto de futsal do LIC, tivemos que buscar alternativas. Assim, alguns meninos rejeitados em outros clubes, que já possuíam seus elencos formados, vieram compor as equipes do LIC.

O Sub-13, que já tinha uma boa base montada, chegou a receber vários reforços, que o encorparam, permitindo que tivesse um mínimo de competitividade. O Sub-15 também recebeu reforços, que o ajudaram a manter seu nível competitivo, embora a equipe de 2006 fosse nitidamente inferior a de 2005. Já a equipe Sub-9 foi uma grata surpresa. Recebeu alguns reforços, mas manteve a base do ano anterior, o quem possibilitou vencer o Circuito Catarinense de Futsal e conquistar o vice-campeonato da Liga de Florianópolis.

O segundo passo adiante foi a construção de um forte aparato de comunicação para as categorias de base. O projeto definiu claramente qual seria o escopo de atuação da assessoria de imprensa: mídia convencional (jornais, tevê etc), jornal interno, jornal mural, sites e blogs. Além dos espaços de divulgação, o projeto definia a necessidade de se convencer a mídia sobre a importância do futsal de base, buscando maior aproximação.

A primeira medida foi divulgar a I Copa 14 de Futsal junto à imprensa. Na época, apenas o AN Capital (jornal A Notícia) cobria esporte amador. Conseguimos um bom espaço, meia página na seção esportiva. Depois da competição, foi publicada a primeira edição do Jornal do Futsal (JF), o informativo interno da categoria, nas versões mensais em preto e branco (distribuída aos associados do clube, pais e jogadores de futsal) e colorida (Jornal Mural, nos hot points do LIC, localizados na lanchonete e na entrada da quadra). Logo em seu lançamento, o JF foi um sucesso, esgotando os 150 exemplares que foram impressos. Tivemos que fazer mais uma tiragem extra para atender a demanda, especialmente porque certa quantidade de jornais foi colocada na Liga de Florianópolis à disposição das equipes adversárias.

O futsal já possuía um acervo fotográfico de sua trajetória através do site LIC Futsal Mania, administrado por Iuri Schlüter, grande colaborador da modalidade no clube e que, posteriormente, viria a se tornar diretor de futsal do LIC no ano de 2008. Em dezembro de 2005, Iuri já havia editado um CD com fotografias das participações das equipes do clube em várias competições. Cada pai recebeu o seu no final da temporada. Um belo presente de Natal. Na temporada 2006, o LIC Futsal Mania continuou ativo e foi remodelado em função das novas demandas e do próprio crescimento da modalidade no clube. Além do site “oficioso”, foi criada uma seção específica no novo site do Lagoa Iate Clube que tratava de futsal. Na seção podia se visualizar as competições, resultados, estatísticas, equipes, escolinha, material fotográfico, próximos jogos, artigos, notícias, entrevistas, links interessantes e tudo o mais que se relacionasse a modalidade no clube, incluindo os patrocinadores e colaboradores. Sem dúvida um grande avanço na comunicação desse esporte junto a seus atletas, pais e público externo. O site, inclusive, foi referência para intercâmbio de informações e convites para participações em eventos esportivos.